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O abortamento em nosso meio é a forma de contracepção mais frequente, e todos sabemos dos riscos que ele envolve, principalmente devido à situação de clandestinidade.

Em estatísticas nacionais e internacionais, o abortamento representa o mais alto fator de risco associado à gestação, superando a doença hipertensiva específica da gravidez e a hemorragia como causa de mortalidade materna.

Nenhuma mulher aborta por puro prazer. É sempre uma decisão sofrida, não sendo raras as consequências emocionais danosas e os riscos orgânicos inerentes a tal prática (infecção, hemorragia, esterilidade e até a morte).

Estudos do IBGE mostram que ocorrem 600 mil partos de adolescentes por ano. Se a esse número somarmos a estimativa de abortos provocados, que anda por volta de 500 mil por ano, chegamos ao número de 1 milhão de gestações indesejáveis entre adolescentes.

Ainda de acordo com dados do IBGE, existem no Brasil cerca de 17 milhões de adolescentes do sexo feminino, sendo a estimativa estatística de que ocorra 1 gravidez a cada 8 adolescentes nos próximos meses.

Se nem casa nem aborta, terá o peso de ser mãe solteira com todos os gravames biopsicossociais que bem conhecemos.

A classe menos privilegiada opta na grande maioria das vezes pelo filho, pois em geral essa adolescente não tem grandes perspectivas de futuro, não trabalha nem estuda. Por muitas das vezes morar com muitas pessoas, ela vê a gravidez como uma oportunidade de ter a sua independência e de ser tratada como adulta.

Embora o Ministério da Saúde considere de risco toda gravidez em que a mãe tem idade inferior (ou igual) a 17 anos, os problemas orgânicos dessa gestação são mínimos, ocorrendo apenas um discreto aumento nos índices de toxemia como um fator dependente dessa faixa etária.

Os problemas orgânicos decorrem da tentativa de esconder a gravidez dos familiares, especialmente no primeiro trimestre, gerando uma baixa frequência de consultas ao pré-natal. Além disso, uma alimentação precária devido à falta de orientação médica pode causar anemias e problemas que poderão afetar a saúde do bebê.

Na parte emocional pode ocorrer uma deterioração da autoestima, acarretando dificuldades de vinculação com o filho, o que origina sentimentos de censura, negação, regressão, introspecção e medo.

Estatísticas apontam uma frequência ao pré-natal de 10%, sendo que em 80% das vezes essa consulta é iniciada apenas no 6º mês, daí ocorrendo uma frequência maior de partos operatórios de prematuridade e baixo peso do concepto, condicionando uma maior mortalidade perinatal.

Levantamento feito pela SBRASH mostra que ainda hoje 5% dos pais expulsam suas filhas de casa, só lhes restando a prostituição, pois em geral abandonam (quando frequentam) a escola e dificilmente arranjam emprego.

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