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Alguns médicos defendem que a maconha deve ser evitada de qualquer jeito, porque prejudicaria os neurônios e causaria mais câncer que o cigarro comum. Outros defendem a descriminação, alegando que a maconha traz mais benefícios que malefícios. Afinal, na sua opinião, quem está com a razão?

Aqueles que dizem que a maconha deve ser evitada a qualquer custo estão mal informados sobre a excelente relação custo-benefício do uso da maconha em muitos casos onde ela é mais eficiente e benigna que os remédios industrializados. Existem na população indivíduos mais suscetíveis a determinados efeitos adversos, como a precipitação de surtos psicóticos, mas esses são minoria. De qualquer modo, é importante frisar que a maconha não deve nunca ser abusada, mas, mesmo que for abusada, ainda será muito menos prejudicial do que quando comparada com o abuso de remédios vendidos corriqueiramente nas farmácias e utilizados em hospitais, como antidepressivos, opioides (morfina), barbitúricos, ansiolíticos, entre outros. Também é importante lembrar que a maconha medicinal produz os mesmos efeitos psicotrópicos e alterações transitórias da memória de curto prazo. Portanto, o uso crônico, ainda que controlado, deve ser evitado, avaliando-se, é claro, em cada caso, a relação custo-benefício. Hoje em dia, com a fartura de dados clínicos sobre o uso medicinal da maconha, opor-se intransigentemente à exploração do seu potencial terapêutico é, em minha opinião, uma atitude mais próxima da negligência do que da cautela médica.

 

Queria fazer um adendo às respostas: Não existe nenhum estudo cientifico demonstrando que o uso exclusivo da maconha cause câncer. Isto é uma especulação que assumiu aparência de verdade por ter sido repetida na mídia por pessoas sem preocupação com o rigor científico. Mas o melhor é não arriscar e utilizar os vaporizadores que produzem a chamada "fumaça fria" da maconha, que não contém os produtos tóxicos da queima e é rica em canabinóides altamente anticancerígenos.

 

 

Renato Malcher-Lopes é biólogo pela Universidade de Brasília e doutor em Neurociências pela Universidade Tulane, em New Orleans, EUA. Fez pós-doutorado em Neurofisiologia pela Ecole Polytechinique Fedérále de Lausanne (Suíça) e em Bioquímica Analítica, pelo laboratório de espectrometria de massa da EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia. É autor do livro Maconha, Cérebro e Saúde.

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