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A pessoa pode se sentir mais motivada em estar em casa?

Também depende de algumas variáveis. Algumas pessoas podem se sentir mais motivadas pela comodidade de trabalhar em casa, por poderem dormir até um pouco mais tarde, eliminando o tempo gasto pelo trajeto até o trabalho. Também podem se sentir mais motivadas por poderem fazer suas refeições em casa, junto com a família, e por não necessitarem mais se preocupar com a roupa que irão usar no trabalho. Por outro lado, a ausência de estímulos externos ao lar, além da diminuição das relações interpessoais fora do domicílio, pode diminuir a motivação do trabalhador, por estar a maior parte de seu dia inserido em sua própria casa.

 

Como lidar com a família dentro de casa no horário de trabalho?

Primeiramente, é importante que a pessoa que decide trabalhar em casa tenha um local específico para isso, mesmo que não vá receber colegas de trabalho em casa. Não é saudável para o profissional trabalhar, por exemplo, em cima da cama, no sofá da sala ou na mesa da cozinha, pois seus papéis de indivíduo e de profissional ficam muito misturados. É importante que haja espaço na casa para que o profissional monte seu espaço, um pequeno escritório, um quarto vago, um local onde ele possa ter silêncio e privacidade. O profissional precisa esclarecer, desde o início, aos familiares sua condição de trabalhador dentro de casa, alertando-os para a necessidade de tranquilidade e silêncio enquanto estiver trabalhando. Por exemplo, deve-se ficar claro que não é porque o indivíduo irá trabalhar em casa que a babá ou a cozinheira poderão ser dispensadas. Inclusive as crianças, quando houver, precisam ser advertidas a esse respeito, evitando sua permanência no local de trabalho do pai ou da mãe. O trabalhador também precisa se policiar para não se envolver em assuntos relativos à casa ou à família durante seu horário de trabalho.

 

Essa troca pode trazer problemas familiares? Por atrapalhar o dia a dia de outras pessoas em casa?

Pode, não necessariamente. É uma mudança brusca no estilo de vida do trabalhador e daqueles que coabitam na mesma residência. É semelhante, por exemplo, a certas desavenças que acontecem com casais de meia-idade, quando o marido se aposenta. A esposa reclama da falta de privacidade em casa, de não poder cuidar da casa como antigamente, enquanto que o marido reclama de estar ficando muito tempo em casa, de conflitos que emergem por causa da maior convivência do casal. Quando um trabalhador habituado a trabalhar fora passa a trabalhar em casa, essas mudanças podem gerar desavenças entre os membros da família, portanto é necessária a compreensão de todos nessa adaptação. Voltando à pergunta anterior, o fato de reservar um espaço na casa para o trabalhador já minimiza os inconvenientes no cotidiano dos outros membros da família. Além disso, é imprescindível que o profissional não deixe que o trabalho interfira nos horários destinados ao convívio familiar, ou que o contato com os familiares não interfira na dinâmica do trabalho. Se o profissional conseguir fazer a separação entre casa/família e trabalho, é mais provável que o home office seja proveitoso para todos.

 

 

Luciene Corrêa Miranda é psicóloga clínica, mestre em Psicologia e professora na Escola de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora

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