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Como a hemorragia pode ser tratada?

O tratamento clínico do paciente com hemorragia cerebral deve ser feito em ambiente de terapia intensiva ou unidades especializadas no tratamento de acidentes vasculares encefálicos. A prioridade é para o controle hemodinâmico e ventilatório do paciente. O manejo do paciente com hemorragia cerebral deve ser individualizado de acordo com a localização e tamanho do hematoma, idade do paciente, pressão arterial e presença de outras complicações. Manutenção de vias aéreas para adequada oxigenação é fundamental. Suplementação de O2 deve ser avaliada para manter a saturação de O2 acima de 95%. A intubação endotraqueal está indicada se houver indícios de hipoxemia - deficiência anormal de concentração de oxigênio no sangue arterial - (pO250mmHg), suspeita de aspiração ou alteração do nível de consciência. O manejo da hipertensão arterial sistêmica na presença de hemorragia cerebral é controverso. Como regra, pacientes vistos após as primeiras 6 a 10 horas do sangramento podem exibir grave hipertensão apenas como reação à agressão cerebrovascular. Nas primeiras horas pós-íctus (fase de recuperação após o ocorrido) é possível que o hematoma ainda esteja crescendo. Nesse período, o tratamento da hipertensão arterial sistêmica pode limitar o volume do hematoma.

Dados obtidos de vários estudos clínicos não randomizados sugerem que pacientes com pequenos hematomas supratentoriais (HC60cm3) apresentam pior prognóstico, independentemente do tipo de tratamento utilizado, clínico ou cirúrgico.

A localização exata do hematoma é também muito importante na determinação da conduta. Hematomas lobares tendem a exibir melhor evolução pós-operatória, provavelmente devido ao fácil acesso e à maior distância de centros de controle vital. Lesões temporais têm maior tendência a herniação, devendo ser considerada a cirurgia mesmo em lesões próximas a 30cm3. A evacuação de hematomas profundos, próximo à linha média, é, como regra, fútil pela evolução uniformemente fatal.

A recorrência de sangramento na hemorragia cerebral é de aproximadamente 2,3% por paciente/ano. A recorrência é grande nos pacientes com hematomas lobares quando comparados com aqueles com hematomas profundos e normalmente ocorre em local diferente do primeiro sangramento. O inadequado controle da PA é considerado o fator de risco mais importante para a recorrência da hemorragia.

 

 

Dr. André Sobierajski dos Santos - CRM: 4371/ SC - é doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo e mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Possui experiência na área de Neurologia e Neurofisiologia Clínica.

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