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Qual o tratamento?

Pacientes portadoras de leiomioma assintomáticas necessitam apenas controle clínico e ultrassonográfico para monitorização do crescimento tumoral, bem como possível diagnóstico diferencial de neoplasia maligna do útero.

A escolha terapêutica para tratamento do leiomioma uterino depende das manifestações clínicas, das características e localização do tumor, idade e paridade da paciente, levando ainda em consideração o desejo de menstruar ou engravidar.

Medidas gerais incluem suplementação de ferro, para correção ou prevenção de possível quadro anêmico associado, e medicações sintomáticas, como analgésicos e anti-inflamatórios.

 

Tratamento clínico

Consiste em medicações para aliviar os sintomas e preparo para cirurgias conservadoras.

Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs): para redução do fluxo menstrual e dor pélvica. Atuam inibindo a produção de prostaciclinas e prostaglandinas, que causam vasodilatação endometrial e dor. Devem ser usados no período menstrual nas doses habituais.

Antifibrinolíticos: para redução do fluxo menstrual. Devem ser usados no período menstrual: 2 a 3 comprimidos, três a quatro vezes ao dia, por um período de três a quatro dias. A terapia com acido tranexâmico deve ser iniciada após sangramento intenso e seu uso deve ficar restrito a não mais que três ciclos menstruais.

Anticoncepcional hormonal oral: para controle do ciclo menstrual e redução do fluxo menstrual. Preferência aos combinados de baixa dose ou aos compostos exclusivamente por progesterona. Não há evidências da influência desse tipo de medicação no aumento ou na redução do volume uterino.

Progestogênios: usados para controle do ciclo menstrual e redução do sangramento. Há suspeita de que a progesterona provoque aumento dos leiomiomas, mas algumas pacientes se beneficiam do uso contínuo de progestogênios em baixas doses devido à amenorréia decorrente.

 

- Acetato de medroxiprogesterona: 10mg 1x/dia do 15º ao 24º dia do ciclo menstrual.

- Acetato de noretisterona: 10mg 1x/dia do 15º ao 24º dia do ciclo.

- Acetato de medroxiprogesterona de depósito: reduz o sangramento, mas pode causar metrorragia e amenorréia. A dose sugerida é de 50mg IM 1x/mês ou 150mg IM 1x/3 meses.

- Implantes de progesterona intradérmico ou na forma de dispositivo intrauterino.

- DIU de levonorgestrel: esse é um método eficaz de controle do sangramento menstrual, devendo-se apenas realizar um estudo minucioso da cavidade uterina, buscando afastar grandes distorções provocadas por nódulos submucosos ou intramurais, a fim de se evitar a expulsão do dispositivo.

Análogos de GnRH: são utilizados no pré-operatório de pacientes para tratamento cirúrgico, principalmente quando se indica miomectomia. Têm função de levar à amenorréia, controlando possíveis quadros anêmicos associados, e reduzir o volume uterino em até 50%, possibilitando a execução de cirurgias menos agressivas e com incisões mais estéticas. Devem ser usados por 3 a 6 meses antes da cirurgia. Eventualmente recomenda-se adição de estrogênio e progesterona em baixas doses ou de tibolona (terapia add-back) para minimizar a ocorrência de osteoporose e os sintomas de deprivação estrogênica (fogachos, mal-estar, sudorese noturna). Os análogos utilizados atualmente são a leuprolida, na dose de 3,75mg intramuscular 1x/mês e acetato de gosserrelina 3,6mg subcutâneo a cada 28 dias.

 

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico dos miomas sintomáticos depende do desejo reprodutivo da paciente, da intenção de manter fluxo menstrual, do tamanho, número e localização dos miomas.

Cirurgia conservadora: miomectomia. Mantém função reprodutora e menstrual. Consiste na exérese dos nódulos leiomiomatosos do útero. A via de acesso cirúrgico depende da localização, número e tamanho dos miomas. Miomas submucosos são mais bem avaliados e tratados por via histeroscópica. Já os intramurais e subserosos podem ser retirados através de laparoscopia ou laparotomia. A utilização de três ciclos de análogo de GnRH pode diminuir a extensão da cirurgia.

Cirurgia radical: histerectomia. É o tratamento de escolha em mulheres que não desejam menstruar ou engravidar. Pode causar alterações na esfera psicológica e sexual por perda simbólica da feminilidade, devendo ser discutida detalhadamente com a paciente. Esse tipo de cirurgia pode ser realizado por via laparotômica, laparoscópica e vaginal, dependendo do volume uterino e da habilidade do cirurgião. Pode ainda ser total, quando se inclui o colo uterino, ou subtotal, quando se preserva o colo do útero.

 

Embolização do leiomioma uterino

A embolização do mioma uterino é uma alternativa à cirurgia, com a vantagem de tratar todos os miomas simultaneamente, de forma minimamente invasiva. É feita em centros de radiologia intervencionista e reduz o volume uterino, com controle clínico em até 90% dos casos. Entretanto, há risco de insuficiência ovariana temporária ou permanente, desaconselhando esse método para mulheres que desejam gravidez.

 

Existe prevenção?

Não.

 

 

Dr. Marcos de Lorenzo Messina é Mestre e Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Médico assistente da Clínica Ginecológica do Hospital Universitário da USP, Médico Colaborador da Disciplina de Ginecologia (Setor de Mioma Uterino) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Contato: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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