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Como a ATM influencia na mastigação?

Dificuldade para mastigar é um dos sinais e sintomas mais comuns de uma disfunção da ATM e frequentemente leva não só a uma perda da qualidade de vida, como também a uma menor absorção de nutrientes. Além disso, há evidências científicas de que, à medida que a mastigação vai ficando mais prejudicada devido à má oclusão, mordida cruzada, sensibilidade dental, obturação desgastada, falta de contato e/ou perda de elementos dentais e outros, a tolerância à dor diminui e a sintomatologia, em si, aumenta. Mas por que ocorre a dificuldade de mastigar? Pessoas que possuem uma disfunção da ATM, em que o disco articular se encontra patologicamente alterado, ou mesmo possuam algum tipo de alteração do côndilo, como uma osteoartrite ou uma osteoartrose, terão muita dificuldade de movimentar a mandíbula. Isso ocorre porque, nessas situações, as estruturas que compõem a ATM perdem a lisura e deixam de deslizar facilmente umas contra as outras. O padrão ideal de mastigação, segundo a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, é o bilateral. A mastigação bilateral pode ser simultânea ou alternada, com movimentos verticais e de rotação de mandíbula. A mastigação correta beneficia o tônus muscular da boca e da língua, a saúde dos dentes e o bom funcionamento do sistema digestivo. Além disso, previne as alterações nas arcadas dentárias e as disfunções da Articulação Temporomandibular (ATM).

 

Assim que é feito o diagnóstico, quais são as abordagens de tratamento?

Os sinais e sintomas podem ser controlados em mais de 90% dos pacientes que recebem apenas tratamentos conservadores, como exemplo: educação do paciente, intervenção comportamental, utilização de fármacos, placas interoclusais, terapias físicas, treinamento postural e exercícios miofuncionais compõem a lista de opções aplicáveis a quase todos os casos de DTM. Com relação às cirurgias de ATM, é possível afirmar que são necessárias em alguns poucos casos específicos, tais como anquilose, fraturas e determinados distúrbios congênitos ou de desenvolvimento. Excepcionalmente, são aplicáveis para complementar o tratamento em transtornos internos da ATM.

 

O problema pode ser totalmente curado ou é apenas controlado?

Terapias inadequadas podem gerar iatrogenias, permitir a cronificação da dor, além de induzir o paciente a acreditar, equivocadamente, que sua patologia deveria ser tratada por profissional de outra especialidade. O objetivo do tratamento da DTM é controlar a dor, recuperar a função do aparelho mastigatório, reeducar o paciente e amenizar cargas adversas que perpetuam o problema. A etiologia indefinida, o caráter autolimitante e a altíssima eficácia recomendam a utilização inicial de terapias não invasivas e reversíveis para os pacientes que sofrem de DTM. Os avanços científicos nessa área de conhecimento exigem dos profissionais constantes atualizações e atualmente temos a Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, com indicação de profissionais altamente qualificados (http://sbdof.com).

 

 

Dr. Marcelo Oliveira Mazzetto é cirurgião-dentista, concluiu a Graduação em Odontologia, Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Araraquara. Professor Associado em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pela FORP-USP (1998) e Professor Titular do Departamento de Odontologia Restauradora da USP (1999). Professor da Área de Oclusão e Coordenador do Curso de Especialização em DTM - FUNORP/FORP-USP. Possui projetos de Pesquisa com Laser de Baixa Intensidade e Etiologia e Diagnóstico da DTM pela FAPESP. Revisor científico das revistas: Brazilian Oral Research, Brazilian Dental Journal, Surgical and Radiologic Anatomy e outras. Exerce diversas atividades administrativas, sendo atualmente Vice-Chefe do Departamento de Odontologia Restauradora e Vice-Coordenador e Orientador no Curso de Pós-graduação em Odontologia Restauradora da FORP-USP, em nível de Mestrado e Doutorado. Atualmente orienta 4 teses de doutorado e 1 dissertação de mestrado. Publicou 90 artigos em periódicos especializados.

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