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O psiquiatra ressalta a importância do papel da família do jovem nessa fase de experimentações. O lar onde esse adolescente está inserido pode representar um fator de proteção ou de risco ao envolvimento com as drogas. O fator genético influencia: filhos de pais dependentes de álcool ou drogas possuem até quatro vezes mais chances de se tornarem dependentes quando comparados com filhos de pais não usuários de álcool e drogas. Os fatores ambientais também são levados em consideração. Logo, filhos vivendo em ambientes domésticos caóticos e doentes, onde convivem diariamente com pais alcoólatras, usuários de drogas, agressivos, violentos, negligentes, hostis, desafiadores e onde não há diálogo nem respeito mútuo, correm um risco maior de abusar de drogas e álcool na época da adolescência.

Por todos esses motivos, é importante a existência de uma família estável para o jovem, na qual um diálogo franco e honesto possa existir. "Uma criança que vive em um ambiente doméstico sadio e seguro, onde as normas e regras sociais sejam ensinadas por seus pais, conceitos éticos e morais sejam passados aos filhos para a formação de um jovem responsável, seguro de seus deveres e responsabilidades, sabendo lidar com a questão dos limites, dos problemas cotidianos, lidando com suas frustrações, recebe uma base importante e eficaz para evitar o envolvimento com as drogas", diz o Dr. Teixeira.

Jovens com baixa autoestima, inseguros, tímidos, retraídos, desajeitados e que não conseguem se destacar nos estudos, nos esportes nem nos relacionamentos sociais são mais aptos ao envolvimento com as drogas, portanto a identificação precoce desses perfis psicológicos e comportamentais será de grande importância para a prevenção ao uso de álcool e drogas. Além desses perfis psicológicos, estudos também comprovam que jovens que apresentam transtornos comportamentais diagnosticados como depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtornos disruptivos do comportamento apresentam incidências mais elevadas de envolvimento problemático com drogas quando comparados com jovens sem esses diagnósticos. Portanto, o tratamento dessas condições concomitantemente com o trabalho de prevenção será de grande importância prognóstica para o desenvolvimento sadio do adolescente. Outras características comportamentais comumente encontradas em jovens com risco de uso de drogas incluem impulsividade, agressividade, níveis baixos de evitação de perigo e menor religiosidade.

Outro aspecto familiar importante de se observar é que aquele pai que acredita que simplesmente dizendo ao seu filho através de um discurso simplista e hipócrita que as drogas fazem mal, matam, está cometendo um erro educacional grave. "O jovem nessa complicada, inevitável e importante fase de desenvolvimento não irá tolerar imposições e determinações passivamente. Será muito mais fácil para esse adolescente dar ouvidos ao amigão que diz que o álcool lhe deixará relaxado, tranquilo e menos tímido para conquistar as garotas, por exemplo", explica o psiquiatra.

O diálogo franco e livre de preconceitos será um bom mecanismo para a conscientização do jovem a respeito dos perigos das drogas e deve ser encarado como um grande desafio para pais, mães, familiares, professores, amigos e profissionais da saúde que estão em contato com esses jovens.

Dessa maneira pode-se afirmar que a "técnica" que muitos pais utilizam de manter seus filhos em verdadeiras "redomas de vidro" não funciona, pois é fato que o adolescente será exposto ao mundo das drogas. Seja na festa de amigos, no boteco da esquina da escola ou na saída de aula; sendo oferecida pelo colega de sala ou por conhecidos em eventos sociais, é certo que ele terá contato com as drogas. Se o jovem irá utilizá-la ou não, dependerá que quais ferramentas ele possui para julgar se deve ou não experimentá-las.

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