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Se em muitas vezes as agressões vêm de dentro da própria casa, o que pode ser feito para denunciá-las e evitar que algo pior ocorra?

A violência no âmbito doméstico é um tema de conhecimento de todos e de longa data. Portanto, isso não pode ser desconsiderado ou tomado como algo novo. O que dificulta a compreensão é pensar as situações de violência doméstica com referências familiares, morais, vinculares e relacionais que não dão conta do momento atual.

Cada vez mais, o que é chamado de doméstico perde as fronteiras em relação a outras esferas do cotidiano de crianças e adultos, como a escola ou a sociedade em geral. A rede de informações que perpassa esse ambiente de convívio da criança contribui para a relativização dos papéis sociais e das referências tradicionais que costumavam situá-la no mundo. Questões como a reprodução artificial, a mutação do modelo familiar, a consideração da sexualidade como uma questão de gosto, aliadas à interatividade digital e ao acesso à informação, precisam ser levadas em consideração nesse processo de relativização do que é doméstico.

Cabe a nós, portanto, utilizar ferramentas condizentes com a contemporaneidade para que as intervenções sejam mais adequadas e de acordo com o momento. Somente assim teremos resultados mais produtivos e menos danosos, sempre com a lembrança de que só é possível analisar caso a caso, sem generalizações.

 

 

Dra. Leila Maria Amaral Ribeiro é psicóloga, professora do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Colégio Freudiano do Rio de Janeiro/Novamente.

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