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Qual é o tratamento?

É bastante complexo, sendo que não há consenso que determine qual a melhor forma de tratamento. Assim, deve-se levar em consideração a vontade paciente, pois há diferenças na terapia caso a queixa seja o desejo de engravidar ou o hirsutismo, por exemplo. Além disso, depende do fato da paciente estar ou não obesa. Em outras palavras, o tratamento deve ser individualizado para cada paciente.

Assim, para as obesas, é importante o emagrecimento com reeducação alimentar e prática de atividades físicas, sendo que medicamentos para auxílio na perda de peso poderão ser utilizados em casos selecionados.

Há drogas que atuam na redução da resistência insulínica, como a metformina ou as tiazolidinedionas, as quais têm indicação formal para as pacientes com distúrbios do metabolismo da glicose, como o pré-diabete ou o diabete melito.

Para a infertilidade, pode ser utilizado o citrato de clomifeno, um indutor da ovulação e/ou a já citada metformina, que também atua na restauração das ovulações.

Para o excesso de pêlos, além do tratamento dermatológico (estético) para remoção mecânica dos pêlos, há medicamentos que impedem a ação dos andrógenos na pele, impedido assim o crescimento dos pêlos. Como exemplos, têm-se a espironolactona (25 a 200 mg/dia), a finasterida (2,5 a 5,0 mg/dia) e a ciproterona (12,5 a 50 mg/dia). Essas medicações geralmente devem ser prescritas em associação com anticoncepcionais, pois poderão causar malformações no feto em caso de gravidez acidental.

Os anticoncepcionais podem ser utilizados no tratamento da síndrome quando não houver desejo de engravidar. Tais medicamentos “regularizam” os ciclos e, mesmo quando empregados isoladamente, podem melhorar a acne. Sabe-se que os anticoncepcionais geralmente são compostos por dois componentes: estrógeno e progesterona. E no tratamento da síndrome, opta-se sempre pelos medicamentos cujo componente de progesterona tenha efeito anti-androgênico (ciproterona, drospirenona e clormadinona) ou neutro (gestodeno ou desogestrel), devendo-se evitar àqueles cuja progesterona apresente propriedades androgênicas (levonorgestrel ou norestisterona).

Devem ser considerados tratamentos específicos no caso da presença de hipertensão arterial e distúrbios do colesterol e dos triglicérides.

 

O que uma mulher que quer engravidar deve fazer no caso de ter a síndrome?

A síndrome se associa à dificuldade para engravidar. Além disso, sabe-se também que o risco para abortamento (40 a 75% dos casos) e desenvolvimento de diabete melito gestacional nas pacientes com a síndrome é elevado, sendo que essas complicações podem ser evitadas. Por esse motivo, um tratamento adequado deverá ser instituído previamente à gestação. Desse modo, a paciente deverá ser avaliada por uma equipe multidisciplinar, composta geralmente por um médico endocrinologista e um ginecologista, sendo que em alguns casos há necessidade de um especialista em reprodução humana para a realização da fertilização in vitro (“bebê de proveta”). Vale ressaltar que sempre há possibilidade de engravidar com o tratamento nos casos em que houver somente a síndrome dos ovários policísticos.

 

 

Dr. Cristiano Roberto Grimaldi Barcellos é Doutor em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP, Prof. da disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba e da PUC-SP. Atua no Ambulatório de Hirsutismo do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da FMUSP e nos serviços de Endocrinologia dos Hospitais Sírio-Libanês e Professor Edmundo Vasconcelos. Contato: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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