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Alterações do humor com forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade se constituem em quadros disfóricos que podem estar presentes nos transtornos afetivos. Provavelmente, por conta de estarem em desenvolvimento, as crianças não têm capacidade para compreender o que acontece internamente e, com frequência, apresentam comportamento agressivo. Portanto, é fundamental que crianças e adolescentes que apresentem mudanças súbitas de comportamento e não justificadas por fatores de estresse não passem pelo especialista sem que ele pense na possibilidade de depressão. Em Psiquiatria da Infância e Adolescência, é comum que crianças com alterações do humor do tipo disfórico, antes adequadas e adaptadas socialmente, possam passar a apresentar condutas irritáveis, destrutivas e agressivas, com violação de regras sociais anteriormente aceitas, como parte do quadro depressivo.

Lamentavelmente, o que se vê na prática diária é o predomínio de reações defensivas e hostis por parte dos familiares, educadores e outros profissionais da área de saúde, que, ignorantes da situação, acabam interpretando a irritabilidade da criança de modo errôneo e simplista, na maioria das vezes.

É sabido que crianças deprimidas geralmente têm autoestima baixa e que falam de si mesmas de modo negativo, achando-se ruins, tontas e sentindo-se fracassadas e preteridas pela família, muitas vezes com a certeza de que ninguém se preocupa com elas. A culpa pode ser entendida pela fala de que tudo está errado por causa da sua existência ou na de que ela deve ser punida ou que seria melhor morrer. A relação entre o apetite e o peso na depressão pode variar, desde perda de peso até o seu ganho, muitas vezes chegando a graus importantes de obesidade. Igualmente, queixas de pesadelos ou de despertares noturnos são frequentes, bem como insônias acompanhadas de ansiedade ou rituais noturnos. O aumento da distraibilidade e a dificuldade de memorização são comuns e levam a um comprometimento do desenvolvimento escolar, podendo confundir a depressão com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, transtorno comum em crianças e adolescentes, cujos sintomas cardinais são a desatenção, hiperatividade e impulsividade, com promoção de piora no rendimento escolar.

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