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O pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros concorda com a posição da SBP, e, segundo ele, os riscos são vários, dentre eles:

• Não acelera o desenvolvimento da marcha no bebê. Pelo contrário, o atrasa, embora não de uma forma alarmante, o que é facilmente explicável, pois para que aprendamos a marcha é necessário coordenação motora para as passadas e equilíbrio. Então, como treinar equilíbrio estando protegido por um aparelho que nos sustenta? A coordenação motora também depende de treinamento, e andar com apoio entre as pernas não é, com certeza, o melhor treinamento.

• Éuma grande causa de acidentes infantis, com quadros de gravidades variáveis, alguns chegando a óbito.

• Pode, embora não frequentemente, provocar um afastamento dos fêmures em relação aos ossos dos quadris, com consequente dano ortopédico.

• De forma alguma diminuirá a necessidade de cuidados por parte dos pais e/ou cuidadores. Lembremo-nos de que um bebê nesta faixa etária (9 a 15 meses) sempre necessitará do máximo de cuidados frente a uma série de acidentes potenciais, pois, embora ele ainda não ande, pode se locomover, aumentando sua chance de acidentes.

O andador não dá à criança maior liberdade e independência, e sim dá aos pais uma falsa sensação de que a criança tem maior liberdade e independência. "O bebê tem sua liberdade cerceada pelo aparelho, que não lhe permite tocar, pegar ou experimentar os objetos, e passa a ter uma dependência maior, agora não dos pais, mas do andador", explica ele.

Outro ponto salientado pelo pediatra é que o andador não permite que a criança passe da posição de quatro para a posição ereta, vantagem que a humanidade demorou milhares de anos para atingir, que é progressiva, com desenvolvimento de músculos específicos para tanto, e que, também na criança, deve ter sua progressividade respeitada.

Segundo Sylvio, o ideal é incentivar o bebê a andar, mas sem o uso do andador, com brinquedos e supervisão dos pais.

A campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria se refere ao uso do andador em que a criança fica sentada, mas hoje existem no mercado andadores em que a criança apenas se apoia, como se estivesse empurrando um carrinho de supermercados. "Nesse tipo de andador não ocorre o retardo do desenvolvimento neuromotor, graças à ausência do 'selim', que mantém a criança sentada, mas continua sendo um risco potencial de acidente, por dar a um ser sem nenhuma responsabilidade a capacidade de fazer movimentos aos quais ele não está habituado", explica o pediatra.

 

 

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros, autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas – Do nascimento aos 12 meses", é médico formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializou-se em pediatria na Unifesp/EPM, obtendo em seguida título pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Curso de especialização prática pela General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Atuou por quase 30 anos no Pronto-Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo. Hoje atua em seu consultório, a MBA Pediatria.


Com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria - www.conversandocomopediatra.com.br

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