Índice deste artigo:

Pesquisas provaram que, durante a gestação de mães com açúcar elevado no sangue, o pâncreas fetal trabalha forçadamente. Isso acontece porque há uma hiperestimulação prematura das células β pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, provocando a elevação da concentração dessa substância no líquido amniótico – e essas alterações hormonais no feto desregulam centros nervosos centrais no controle do metabolismo e do peso.

Inúmeros trabalhos desenvolvidos depois mostram que, em diferentes graus, a hiperglicemia, à medida que avança de normal a intermediária, até chegar ao diabetes propriamente dito, associa-se diretamente à ocorrência de obesidade ou sobrepeso nos filhos.

Um trabalho realizado na Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unesp), por Buzinaro et al., estudou filhos de mães que tiveram o teste para diabetes normal, mas com algum valor de glicemia alterado (pré-diabetes), e filhos de mães com diabetes gestacional, comparando-os a um grupo de filhos de mulheres sem alterações. O peso de nascimento, índice de massa corporal (IMC) e maior ocorrência de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência foram relatados nos casos de filhos de mães diabéticas. Também estavam presentes, em menor escala, nos filhos de mães pré-diabéticas.

Se houver a detecção precoce da hiperglicemia na gestação, provavelmente a ocorrência de sobrepeso e mesmo obesidade na adolescência possa diminuir.

Além disso, os filhos dessas mães precisam ser acompanhados e incentivados, o quanto antes seja possível, a ter hábitos de vida saudáveis, em caráter preventivo.

 

 

Dra. Gláucia Duarte possui Doutorado em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atua como médica colaboradora do Hospital das Clínicas de São Paulo na disciplina de Endocrinologia da FMUSP e é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Latino Americana de Tireoide (LATS).

Publicidade