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 Qual o tratamento?

O tratamento em geral é a cirurgia com remoção da tuba. A cirurgia pode ser realizada por incisão no abdômen como de uma cesárea. Esta é a forma mais freqüente de tratamento e deve ser sempre realizada nos casos de hemorragia interna. A gravidez ectópica é a principal causa de morte materna nos primeiros 3 meses de gravidez, portanto a cirurgia deve ser realizada prontamente nos casos de hemorragia interna e em alguns casos há necessidade de transfusão de sangue, casos em que o sangramento foi muito grande.

A cirurgia pode ser feita por laparoscopia, em geral nos casos em que a tuba ainda não rompeu ou nos casos onde a condição clínica da paciente é estável, nesta intervenção são realizadas pequenas incisões (uma na região umbilical por onde passa a câmara e mais duas de 0,5 a 1 cm no baixo ventre).

Outra decisão importante na hora da cirurgia é se a cirurgia preservará a trompa (cirurgia conservadora) ou se esta será removida (salpingectomia). Para tomar esta decisão alguns aspectos devem ser avaliados. Primeiro, se a paciente deseja uma nova gravidez, neste caso, se tentará uma cirurgia conservadora. Outro aspecto é a condição da tuba durante a cirurgia, se esta estiver muito danificada, mesmo que a paciente deseje nova gravidez, não existem condições de preservar a tuba e esta tem que ser removida.

Nos últimos anos, surgiram algumas alternativas terapêuticas à cirurgia que é o tratamento clínico. Este tratamento pode ser realizado apenas nas pacientes com tuba íntegra, ou seja, antes que ocorra a ruptura.

O tratamento pode ser feito utilizando medicamento chamado metotrexato (quimioterápico) com aplicação de uma única dose intramuscular. As pacientes para fazer este tratamento precisam ter valores de beta-hCG inferiores a 5000 mUI/ml, e o tamanho da gravidez tubária no ultrassom deve ser inferior a 3,5cm. Após a injeção a paciente deve ser acompanhada com o exame de beta-hCG no 4º e 7º dia após a injeção, se os valores estiverem regredindo, representa uma boa resposta ao tratamento e ela deve ser acompanhada toda semana com realização do exame de beta-hCG até que o seu valor fique negativo, neste momento, a paciente é considerada curada. O tempo para o beta-hCG ficar negativo é de 3 a 4 semanas. Neste período, a paciente pode realizar sua atividade profissional, mas deve evitar exercícios físicos e relações sexuais.

Em alguns casos não há necessidade nem do medicamento (metotrexato), optando-se pela conduta expectante, isto é, apenas a observação. Esta conduta pode ser realizada apenas nos casos em que a tuba está íntegra, os valores de beta-hCG apresentam regressão no intervalo de 2 dias (exemplo beta-hCG de 500 e depois de 2 dias 200mUI/ml), nesses casos, o próprio organismo reabsorve sozinho a gravidez. Como o risco da gravidez tubária é muito grande para mulher, esta conduta deve ser tentada apenas em casos em que os valores de beta-hCG são inferiores a 1500 mUI/ml.

Todos os tratamentos devem ser realizados por profissionais habituados com este tipo de doença. O segredo para um tratamento menos traumático é o diagnóstico precoce.

Após o tratamento, as pacientes devem ser orientadas a procurar atendimento médico na suspeita de uma futura gravidez bem no seu início, pois existe o risco de elas terem novamente uma gravidez ectópica.

O melhor tratamento deve ser decidido pelo seu médico devido à complexidade da doença e sua gravidade.

As mulheres com gravidez ectópica vivem um verdadeiro drama, pois ao mesmo tempo em que descobrem que estão grávidas e ficam super felizes, recebem logo depois a notícia que a gravidez está na trompa e que precisam realizar uma cirurgia e na maioria das vezes precisam remover a trompa, é um susto muito grande. E as decisões têm que ser tomadas rápidas, pois é muito difícil lidar com tudo isto.

 

 

Dr. Julio Elito Junior é Professor adjunto do Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina Responsável pelo Ambulatório de gravidez ectópica e gravidez gemelar da Universidade Federal de São Paulo Chefe do Setor de Videolaparoscopia do Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo.

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