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Pensando na gastroparesia e em uma maneira de otimizar a terapia das crises de enxaqueca, um adesivo que se coloca sobre a pele com uma substância conhecida (sumatriptano) está em fase final de testes nos Estados Unidos. A tecnologia usada nesse adesivo (patch) não é muito conhecida no Brasil, baseando-se nos princípios da iontoforese. Isto mesmo, i-o-n-t-o-f-o-r-e-s-e. E do que se trata isso? Esse adesivo contém dois polos, um positivo (anodo) e um negativo (catodo), e em cada um dos polos há diferentes sais, o sal de sumatriptano e um outro sal da solução. No meio desses polos, duas baterias bem pequenas de lítio promovem a passagem de corrente elétrica de um polo para o outro (anodo para o catodo, ou polo positivo para polo negativo) e essa passagem indolor e imperceptível de elétrons (corrente elétrica) nada mais faz do que esvaziar a pequena "bolsa" com sumatriptano lentamente ao longo de 4 horas.

Na prática, e fazendo uma tradução objetiva de toda a ciência por detrás desse dispositivo, o que ocorre é o seguinte: o indivíduo sente a dor e aplica o adesivo na pele. Nesse adesivo, há um pequeno botão ou dispositivo que ele aperta e, após isso, uma luz vermelha acende. É um pequeno led vermelho que acende e pisca, bastando esperar essa luz apagar (normalmente 4 horas) para que o medicamento (sumatriptano) seja liberado diretamente na corrente sanguínea e sem passar pelo tubo digestivo.

Obviamente, a ideia desse tipo de tratamento é tratar as crises, ou seja, tirar o indivíduo de um quadro agudo de dor. Mas para aquelas pessoas que sofrem de enxaqueca crônica e dores constantes (diárias ou quase diárias) a melhor estratégia é a prevenção, com remédios específicos e até tratamentos mais sofisticados, como a injeção de toxina botulínica em pelo menos 31 pontos específicos da região craniocervical.

Enfim, o presente e o futuro do tratamento da enxaqueca estão ou estarão em breve disponíveis no Brasil e certamente levam a promissoras expectativas para o alívio de tanto sofrimento que esse tipo de dor de cabeça provoca. Cabe reforçar, entretanto, que existem inúmeros tipos de cefaleia e que um profissional experiente deverá ser consultado para uma orientação adequada sobre cada tipo de dor e tratamento.

 

 

Dr. André Felicio, neurologista, doutor em ciências pela UNIFESP, membro da Academia Brasileira de Neurologia e clinical fellow da University of British Columbia no Canadá (CRM 109665).

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