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Que fatores os pais devem observar nos filhos para terem pistas de que eles estejam usando drogas?

A mudança comportamental é a principal característica. Porém, para se reconhecer esse sinal, é preciso primeiramente que a família conheça muito bem o usuário. Nem todo o jovem que chega em casa agressivo usou droga, nem todo o sujeito que chega quieto e conversa com todos está longe do uso das drogas. Cada um expressará sua conduta de forma particular. Cabe a família reconhecer a rotina, os gostos, ansiedades e desejos dos filhos para entender quando ele está demonstrando comportamento estranho.

Algumas dicas de comportamentos mais frequentes são: isolamento, falta de diálogo, pouco tempo em casa, não diz onde vai nem dá satisfação de horários, não deixa a família limpar o quarto ou esconde algumas coisas, se irrita facilmente, não aceita as regras familiares, desiste de coisas que antes lhe dava prazer.

 

Como os pais devem se portar ao noticiarem que seus filhos estão envolvidos com drogas?

Diálogo é o que os pais tem de melhor a oferecer. Porém, quando a dependência está instaurada, muitas vezes o diálogo é impossibilitado diante da falta de senso crítico causado pela droga. Nestes casos, medidas mais sérias devem ser tomadas, como por exemplo, procurar a rede de apoio municipal para conseguir que ele receba os cuidados de saúde necessários ao tratamento, como encaminhamento para desintoxicação e tratamento.

Ressalta-se que, em qualquer um dos casos, a família também deverá entrar em acompanhamento, pois é considerada codependente. Se todo o núcleo familiar não mudar, apenas o usuário mudando não conseguirá manter-se afastado da droga. É preciso uma mudança total da maneira como a família se relaciona com o filho e entre si mesma.

 

Por que é tão complicado uma pessoa se livrar do vício?

A dependência de drogas afeta diretamente o Sistema Nervoso Central e ainda não se tem um único tratamento capaz de eliminar o problema. Já se descobriram diversas maneiras de se lidar com a doença, mas cada pessoa irá descobrir com qual delas se adapta mais. Sendo assim, muitas vezes o sujeito passa por diversos tratamentos fracassados, perdendo a vontade de seguir tentando melhorar, até conseguir se adaptar em um tipo de tratamento.

A facilidade em conseguir a droga é um alto fator de risco para o retorno ao uso, bem como a não mudança familiar paralela ao seu tratamento, prejudicando sua transformação. A falta de oportunidades na vida, tanto no âmbito profissional como pessoal, diante da exclusão social gerada pelo uso contínuo da droga, intensifica a permanência no uso das substâncias.

 

 

Dra. Gislaine Pereira Tavares é Mestre em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Atua em psicologia social, violência, drogadição, educação, relações familiares e políticas públicas.

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