Um tratamento com base na aplicação de células-tronco tem obtido resultados favoráveis ao controle do diabetes tipo 1, doença considerada infantojuvenil por atacar, principalmente, a população mais jovem.

Um grupo de voluntários que se submeteu aos primeiros testes conseguiu se livrar das aplicações de insulina ou, ao menos, diminuir as doses. Essa técnica foi idealizada pelo reumatologista Julio César Voltarelli, morto em março deste ano. Os estudos, iniciados há seis anos, têm seguidores no Brasil e na China e prosseguem com desdobramentos desenvolvidos por médicos do Hemocentro e do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior paulista, juntamente com especialistas dos Estados Unidos, da França e Inglaterra.

Segundo a atual coordenadora dos trabalhos, a reumatologista Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, quando o paciente recebe o diagnóstico da doença, normalmente, ainda tem preservados entre 20% e 30% do pâncreas e é justamente nessa porção de vida da glândula que os pesquisadores iniciaram a busca do controle do mal, em 2004, sob a coordenação de Voltarelli, com o uso das células-tronco.

A primeira etapa da pesquisa foi finalizada em 2010, com 25 voluntários. Os tratamentos consistiram na coleta e congelamento de células-tronco hematopoiéticas – precursoras dos glóbulos sanguíneos – da medula óssea. Logo após, os voluntários passaram por sessões de quimioterapia agressiva para destruir o restante da medula e zerar o sistema imunológico. Posteriormente, eles receberam as células-tronco congeladas para reconstituir a medula e as células sanguíneas. Das 25 pessoas que realizaram o tratamento, 21 tiveram respostas favoráveis. Três delas não precisaram mais aplicar insulina e 18 voltaram a precisar do hormônio, depois de um período de seis meses a cinco anos, mas em doses menores do que antes dos transplantes. "Não se pode dizer que estejam curados, mas com a doença controlada", pontuou a reumatologista.

A segunda fase da pesquisa ainda está em andamento e os pesquisadores tentam obter melhor eficácia por meio de uma quimioterapia mais forte. O que se busca é que o paciente saia, totalmente, da dependência de insulina.

As pesquisas estão sendo feitas no Centro de Terapia Celular (CTC), um dos centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), em interação com pesquisadores dos Estados Unidos, da França e Inglaterra.

Em outro estudo paralelo, que começou em 2008 e ainda está em andamento, foram feitas aplicações de células mesenquimais – que estão presentes em todo o corpo e compõem o tecido conjuntivo – retiradas de um parente do diabético. Nesse caso, a intenção foi atacar a inflamação do pâncreas pela regeneração do tecido. Porém, como a quantidade de células encontradas é insuficiente para as aplicações, parte delas é multiplicada em laboratório. No entanto, metade dos pacientes – todos crianças – não obteve resultado esperado, e nos demais – todos adultos – apenas dois conseguiram reduzir a necessidade de insulina.

Os pesquisadores pretendem renovar os testes com o aumento da coleta das células mesenquimais. Os interessados podem enviar  e-mail  para o endereço: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. É necessário ter a partir de 18 anos e haver sido diagnosticado com a doença há pelo menos cinco anos.


Fonte: Agência Brasil

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