O uso de laser para a prevenção de cárie radicular, isto é, na raiz dos dentes, vem sendo testado com sucesso em pesquisas na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP. A técnica, experimentada no trabalho do dentista César Lepri, permite prevenir a cárie com uma intervenção mínima, como acontece atualmente com a aplicação de flúor. O método pode evitar a necessidade da realização de tratamento restaurador nos dentes.
O estudo de César Lepri teve como objetivo avaliar em laboratório a efetividade dos parâmetros da irradiação de lasers no tratamento de prevenção do desenvolvimento da lesão de cárie radicular formada em situação de alto risco de cárie, analisando a influência do tipo de laser empregado, associado ou não ao flúor. A lesão de cárie radicular é considerada uma das principais causas de perda dos dentes em adultos, sendo que o problema se agrava com o envelhecimento. "Este fato se deve à exposição das raízes, por doença periodontal ou mesmo naturalmente, a uma dieta que favorece a sua formação, dificuldade de higienização e problemas crônicos de saúde que refletem na diminuição da quantidade e qualidade da saliva", explica a professora Regina Guenka Palma-Dibb, da FORP, que orientou a pesquisa. "A cárie radicular acomete cerca de 40% a 60% da população adulta."
O tratamento atual é feito com broca e restauração com material normalmente estético e a prevenção atualmente é feita apenas com aplicação de flúor e controle da placa dental (biofilme).
A professora explica que o laser pode ser usado para o preparo do dente no lugar da broca e do motorzinho, o que causaria menos desconforto ao paciente. "No entanto, o laser também vem sendo empregado na tentativa de controlar a evolução da cárie e assim diminuir a necessidade de restauração."
O laser já vem sendo utilizado na clínica em estudos de prevenção de cárie em esmalte, com resultados promissores. "Não há necessidade de reaplicação em curtos espaços de tempo, como ocorre com o método convencional, que consiste na aplicação tópica de flúor", conta a professora. Os testes em laboratório em cárie radicular também tiveram resultados favoráveis, mas o uso clínico da técnica depende de estudos mais aprofundados.
Uso do laser
O uso do laser na odontologia não é novidade, ele já vem sendo bastante usado, principalmente em situações em que é preciso atuar na hipersensibilidade dentinária, tratamento de lesões bucais, de dores causadas por problemas de ATM ou traumas (cirúrgicos ou não), para herpes, para cirurgias de tecido mole, como anti-inflamatório e fototerápico. "Nessas situações o laser demonstra eficácia e uma facilidade muito grande de aplicação e aceitabilidade pelo paciente", ressalta Regina.
Ele também já vem sendo usado para o preparo de dentes, como prevenção de cárie, mas ainda sem muita intensidade, por serem utilizados diferentes equipamentos que ainda apresentam um alto custo. Além disso, muitos aparelhos não têm aprovação da Anvisa para uso em consultório particular. "O seu uso é viável e a aceitabilidade pelo paciente é melhor que o tratamento convencional, visto que causa menos desconforto, pois gera menos ruído, vibração e muitas vezes não necessita de aplicação de anestesia quando do seu emprego", finaliza a professora da FORP.
Fonte: Agência USP