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Quais são os fatores psicológicos que contribuem para a obesidade na adolescência?

Talvez o principal aspecto psicológico que contribui com a obesidade na adolescência seja a relação familiar, especialmente a relação mãe-filho. E isso começa muito cedo, quando muitas vezes o alimento acaba sendo oferecido para matar outras fomes, que não a de comida. Na adolescência e também na vida adulta, a dificuldade de lidar com as frustrações e essa confusão entre comida e afeto, construída bem cedo, contribuem para o excesso de consumo de alimentos. Os pais que não sabem impor limites aos filhos também contribuem com o problema.

 

Os fatores genéticos e os ambientais podem influenciar em quê?

A obesidade é o resultado da interação entre a predisposição genética e o ambiente. Um expressivo número de genes que agem predispondo à obesidade e às doenças crônicas ligadas a ela já foi identificado. A maioria dos genes que predispõem à obesidade codifica componentes moleculares de sistemas fisiológicos que regulam o balanço energético (a energia ingerida a partir dos alimentos menos a energia consumida para a manutenção do corpo e das atividades físicas). Genes como dos receptores da leptina (LEPr) e do melanocortina-4 (MC4R) e as proteínas desacopladoras de prótons 2 e 3 (UCP2 e UCP3) têm sido avaliados como potencialmente relacionados ao acúmulo de gordura corporal e às complicações da obesidade. Além desses, o gene da grelina (GHRL) e do receptor da grelina (GHSR) e do receptor da serotonina também parecem ter relevância tanto na gênese da obesidade como nas complicações e consequências dessa disfunção.

Sobre o ambiente, podemos dizer que estamos vivendo em ambientes “obesogênicos”. Nós humanos vivemos quase todos nas cidades e estas nos proporcionam poucas oportunidades de lazer ativo e muitas oportunidades de consumo alimentar inadequado, desequilibrado e além do necessário. Nem é preciso falar aqui das BIG promoções de comida, dos SUPER mercados e de quantos mais superlativos se possa imaginar. Das casas sem quintais, dos apertados apartamentos, da violência das ruas, dos bairros sem praças. Esse é o modelo predominante da vida humana no planeta.

 

Como vive o adolescente obeso hoje?

O adolescente obeso, como toda a sua espécie, vive em ambientes obesogênicos. Tem vida pouco ativa, tem acesso facilitado aos equipamentos eletrônicos, que lhes proporcionam lazer sem esforço. Gosta de frequentar locais que vendem comida de preparo rápido e muito energética. O excesso de peso o preocupa, mas quase sempre se sente impotente para buscar uma solução ao seu problema. Falta específica e efetiva política pública a esse respeito.

 

Tratar a obesidade de forma precoce é a medida mais viável para evitar que a criança se torne um adulto obeso. Veja dicas de alimentação saudável para crianças e adolescentes.

 


Dra. Maria Rita Marques de Oliveira possui Doutorado em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo, Mestrado em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e atua como docente na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

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