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Há mais de um tipo de anticorpos antinucleares? A presença deles significa o desenvolvimento de alguma doença?

Existem vários padrões de anticorpos antinucleares. Tem um que se chama pontilhado fino denso, que geralmente não está relacionado com doenças autoimunes. Ter o anticorpo não significa ter a doença. Uma vez que o resultado do exame é positivo, ele deve ser interpretado. Por exemplo, quando o anticorpo gruda no DNA, geralmente pensa-se que a doença autoimune é o lúpus.

 

Há algum sintoma? Como identificar os anticorpos antinucleares positivos?

O anticorpo em si não quer dizer nada. É apenas uma pista para explicar por que o paciente está tendo alguns sintomas.

É importante que não se faça o teste para qualquer um. O FAN é importante para quem tem suspeita de doença autoimune. Quando a pessoa não tem essa suspeita e faz o exame e dá alterado, ela acaba vivendo um drama: passa em vários médicos, tem despesas enormes. Indivíduos que terão lúpus no futuro já têm esse anticorpo muito tempo antes de descobrirem a doença de fato, mas saber que já o possuem antes de desenvolver a doença é algo inútil, já que não há tratamento para se evitar. Além do mais, muitas pessoas que têm o anticorpo nunca terão a doença na vida. Por isso, o FAN só deve ser feito quando há suspeita. Se não tiver, não é um exame que tem utilidade de se fazer de rotina. É um exame caro, que não tem vantagem de fazer num indivíduo sem suspeita de doença autoimune.

 

Os anticorpos antinucleares podem levar ao aborto? Por quê?

Não. Existe uma doença que é chamada de síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF), que causa trombose. Este pode gerar abortamento de repetição, então o médico deve pedir um teste para aquelas mulheres que têm perdas fetais recorrentes. Constatada a síndrome, a grávida precisa tomar anticoagulante durante a gravidez para evitar trombose da placenta. Às vezes, quem tem lúpus também tem esse anticorpo, mas o fator antinuclear não tem nada a ver com o aborto.

 

Dr. Maurício Levy Neto (CRM: 45022) é presidente do Departamento de Reumatologia da Associação Paulista de Medicina, Mestre e Doutor em Reumatologia e Pós-Doutor em Artrite e Imunologia. É médico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

 

 

 

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