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“A LER é uma doença incurável.” >>> Mito

A maioria dos casos é totalmente curável. Mais do que isso, a maioria dos casos também tende a melhorar com o afastamento do paciente de suas atividades habituais.

 

“Fiz um ultrassom que mostrou que eu tenho LER.” >>> Mito

O diagnóstico das doenças do grupo das LER/DORTs é essencialmente clínico, ou seja, dependerá, sobretudo, da avaliação do examinador e dos testes por ele realizados. Existem (muitos) casos em que a ultrassonografia (ou qualquer outro exame complementar) evidencia alguma alteração, mas clinicamente não são encontrados subsídios para se fazer o diagnóstico de uma determinada doença do grupo das LER/DORTs.

Além disso, ratificamos, mais uma vez, que para uma doença elencar o grupo das LER/DORTs é necessária também a configuração pericial do nexo de (con)causalidade com o trabalho.

 

“Não trabalho como movimento repetitivo e mesmo assim tenho LER.” >>> Verdade

Durante muito tempo acreditou-se que era necessário apenas o movimento repetitivo de determinados grupos musculares para o desenvolvimento de uma doença do grupo das LER/DORTs. É bem verdade que os movimentos repetitivos, sem o devido tempo de repouso do respectivo grupo muscular, podem desencadear uma LER/DORT. No entanto, outros fatores também podem gerar os transtornos, por exemplo: a contração contínua de determinados músculos por tempos prolongados sem o devido repouso, o que chamamos de sobrecarga estática.

Aqui, destacamos a diferença entre os operadores de call center e os digitadores. De uma forma geral, o nível de cobrança por resultados, o que chamamos de assédio moral organizacional (fator reconhecidamente estressante), entre os operadores de call center parece ser maior do que entre os digitadores. Sendo assim, mesmo realizando menos movimentos repetitivos, pesquisas demonstram que os operadores de call center adoecem mais do que os digitadores. Por que isso? Um dos fatores é a sobrecarga estática advinda do nível contínuo de tensão muscular, que, por sua vez, pode estar relacionada ao ambiente estressante de trabalho.

Nessa análise, podemos concluir também que: as LER/DORTs dependem fundamentalmente de fatores individuais. Por exemplo: por que alguns digitadores de uma mesma empresa adoecem e outros não? Uma das explicações é que alguns possuem uma musculatura mais resistente à fadiga do que outros. Por que alguns operadores de call center de uma mesma empresa adoecem e outros não? Um dos fatores é que cada um de nós responde de forma diferenciada aos estímulos externos que geram stress e tensão muscular contínua. O que é stress para uns, para outros, é apenas uma circunstância corriqueira do trabalho.

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