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“A LER pode estar relacionada com o stress no trabalho.” >>> Verdade

Conforme já vimos, a contração estática, também originada pelo stress no trabalho em alguns indivíduos, pode favorecer o surgimento de alguma doença do grupo das LER/DORTs. Outro dado interessante: o índice de LER/DORTs em músicos, em geral, é menor do que em digitadores. Renomados autores defendem a tese de que quanto maior a satisfação com o trabalho, menor será o índice de surgimento de LER/DORTs, mesmo que naquele ambiente se exijam os adoecedores movimentos repetitivos.

Enfim, LER/DORT é um assunto complexo (e muito polêmico). Fatores relacionados à genética (disposição anatômica de músculos, tendões, etc.), à psiquiatria (resposta a fatores estressantes, satisfação com o trabalho, predisposição familiar a transtornos depressivos, etc.), à fisiologia (alterações hormonais, bom condicionamento muscular, etc.), às doenças preexistentes e ao ambiente de trabalho fazem das LER/DORTs um gigantesco grupo de doenças, de dificílima abordagem e sem nenhum espaço para (irresponsáveis) afirmativas genéricas.

Contribui para tornar as discussões sobre o tema ainda mais apimentadas o fato de haver enormes interesses envolvidos no assunto: órgãos representativos dos trabalhadores se empenham em associar as LER/DORTs a algo que seja extremamente grave, comum, incurável e cujo aparecimento se justifica, sobretudo, pela negligência dos empregadores. Por outro lado, alguns representantes de grupos empresariais insistem na tese de que aproximadamente 80% dos casos diagnosticados como LER/DORTs são casos de fibromialgia (doença não relacionada ao trabalho). As opiniões são várias e extremadas. Acreditamos que a análise deva ser sempre equilibrada e imparcial, afinal, “entre 8 e 80 existem 72 possibilidades”!

 

Resumindo: quando o assunto é LER/DORT, pelas várias variáveis que vimos, cada caso é um caso, e tudo que for dito além disso é mera falácia. Amplio o já conhecido ditado médico: “Na medicina, no amor e nas LER/DORTs não existe sempre e nem jamais”.

 

 

Marcos Henrique Mendanha é médico especialista em Medicina do Trabalho e advogado especialista em Direito do Trabalho. É professor de cursos de pós-graduação em Medicina do Trabalho, Perícia Médica e Direito Médico. No Twitter, @marcoshmendanha. Contato: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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