BruxismoO que é bruxismo?

O bruxismo é uma atividade oral caracterizada pelo ranger ou apertar de dentes durante o sono. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, o bruxismo é classificado como um distúrbio de movimento relacionado ao sono.



O bruxismo atinge alguma faixa etária específica ou qualquer um está sujeito a isso?

A estimativa da prevalência do bruxismo depende de como o diagnóstico é realizado, uma vez que muitos bruxômanos desconhecem sua condição. A literatura mostra uma distribuição equitativa entre os gêneros e uma maior prevalência entre crianças, adolescentes e adultos jovens, sendo menos comum após os 40 anos. A prevalência do bruxismo é maior entre crianças menores de 11 anos, sendo que 14-20% desses indivíduos são atingidos. Nos adolescentes a prevalência chega a 13% dos indivíduos. Entre os adultos a prevalência varia de 5-8% e entre os idosos chega a 3% dos indivíduos.

 

Quais são as causas?

A causa do bruxismo ainda não foi totalmente elucidada pela literatura. No passado, acreditava-se que interferências na oclusão dentária seriam as responsáveis pelo ranger dos dentes. Porém, devido à falta de estudos clínicos de qualidade que comprovem esta relação causal, a oclusão e o bruxismo estão cada vez mais dissociados. Atualmente, o estresse e a ansiedade parecem ser os principais motivos envolvidos na etiologia deste quadro.

Além disso, fatores como o fumo, o álcool, a cafeína e medicamentos (antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, levodopa e antidopaminérgicos) parecem estar associados à presença de bruxismo causado secundariamente ao uso de tais substâncias. Nesses casos, o simples ato de cessar o uso da substância é capaz de interromper o quadro de bruxismo.

 

Ranger os dentes pode acarretar outros problemas, como, por exemplo, dor de cabeça? Por quê?

Além do desgaste dental, a força exercida durante o ranger e o apertar dos dentes pode agir negativamente sobre estruturas do sistema estomatognático relacionadas aos dentes, tais como: músculos mastigatórios e articulações temporomandibulares. Dessa maneira, o bruxismo pode acarretar o surgimento de sintomatologia dolorosa nessas estruturas, o que pode ser caracterizado por dores na face, dores de cabeça e dores na região próxima ao ouvido.

Tais sintomas são frequentemente relatados como apresentando maior intensidade ao acordar e diminuindo ao longo do dia, caracterizando, segundo alguns autores, uma dor muscular pós-exercício.

 

Como funciona o tratamento?

Ainda hoje não há um tratamento específico para a cura do bruxismo. Os principais objetivos do tratamento do bruxismo baseiam-se em prevenir a perda de estrutura dentária e minimizar a sintomatologia dolorosa.

Nesse sentido, placas oclusais miorrelaxantes rígidas e lisas podem ser confeccionadas para pacientes bruxômanos com o intuito de proteger a estrutura dentária. Além disso, na maioria dos casos, tais placas também auxiliam na melhora da sintomatologia dolorosa, porém o mecanismo para essa melhora não está totalmente elucidado na literatura.

Paralelamente ao uso da placa, podem-se associar terapias comportamentais como: biofeedback, fisioterapia, relaxamento e orientações sobre higiene do sono.

O uso de medicamentos no controle e tratamento do bruxismo ainda é controverso, sendo que os relaxantes musculares e os ansiolíticos parecem reduzir a atividade motora envolvida no bruxismo.

 

O possível não tratamento do bruxismo pode trazer fortes consequências?

O bruxismo não é um quadro crítico. A principal consequência do bruxismo devido ao não tratamento é o desgaste excessivo dos dentes, que, em casos extremos, pode levar à perda de dimensão vertical, sendo, em alguns casos, necessária a realização de reabilitação oral com próteses dentárias para devolver função mastigatória ao paciente.

Além disso, pacientes sintomáticos têm como consequência do não tratamento do bruxismo a presença de dor, que, com o passar do tempo sem tratamento, pode tornar-se crônica e dificultar ainda mais o tratamento devido ao envolvimento do sistema nervoso central na manutenção dos sintomas dolorosos crônicos.

 

 

Dra. Patrícia Calderon é Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Mestre e Doutora pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. Graduada pela Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP.

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