Câncer de esôfago

Como o câncer se desenvolve?

Os dois tipos histológicos predominantes no câncer de esôfago são o carcinoma espinocelular (CEC), que são as células próprias do epitélio esofágico, que representa mais de 90% dos casos, e o adenocarcinoma, que é mais comum no terço inferior do esôfago. Os dois tipos histológicos têm fatores desencadeantes distintos. O desenvolvimento do CEC é fortemente influenciado pelo tabagismo e também pelo etilismo, sendo que a união dos dois hábitos tem efeito sinérgico, potencializando o desenvolvimento do câncer. Vale ressaltar que esses dois fatores conferem também alto risco para o desenvolvimento de CEC da boca e faringe, por terem epitélio semelhante ao do esôfago, conferindo ainda risco aumentado para câncer das cordas vocais. Algumas condições predisponentes para esse tipo histológico são a acalasia do esôfago, de qualquer etiologia, e no Brasil encontra-se um tipo frequente de acalasia que é o megaesôfago chagásico, que aumenta o risco de desenvolvimento do câncer de esôfago em mais de 15 vezes. Outra condição predisponente ao desenvolvimento do CEC do esôfago é a queimadura cáustica, com uma porcentagem de desenvolvimento de aproximadamente 4% ao longo da vida. Por outro lado, o adenocarcinoma do esôfago, frequente no terço inferior do esôfago, tem como fator predisponente mais importante o refluxo gastroesofágico, condição cada vez mais frequente na atualidade, condição esta que, pela constante agressão ao epitélio esofágico pelo refluxo ácido do estômago, causa ao longo do tempo a doença denominada esôfago de Barret, que é condição considerada pré-maligna, conferindo um risco de desenvolvimento de adenocarcinoma do esôfago de mais de 27 vezes. Os agentes agressores, com sua atuação constante, causam ao longo dos anos acúmulo de alterações genéticas nas células, que provocam crescimento celular incontrolado, representando a formação da lesão cancerígena. O câncer de esôfago apresenta disseminação regional, principalmente para linfonodos regionais e órgãos adjacentes; quando se dissemina para órgãos a distância, tem preferência para o fígado.

Ilustração: Felipe Teixeira