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Prevenção

Em uma terceira investigação, avaliou-se o possível papel da alfabetização, ocupação e renda na prevenção da demência. “A partir da fração atribuída na população estimou-se que 22% dos casos de demência seriam evitados caso todos os idosos pesquisados fossem alfabetizados, número que subiria para 29% se tivessem renda mensal maior do que um salário mínimo na época do estudo, e para 38% se tivessem realizado ocupações com algum grau de especialização”, afirma a pesquisadora. “Se nenhum idoso fosse exposto a esses três fatores de risco, cerca de 50% dos casos de demência teriam sido evitados”, acrescenta.

Dois anos após a primeira avaliação os idosos foram entrevistados novamente. Os pesquisadores verificaram se a participação em 42 atividades, divididas entre atividades sociais, cotidianas, cognitivas, físicas, assistir TV e ouvir rádio, estava associada com o desempenho cognitivo e o surgimento de novos casos de demência dois anos após a primeira avaliação (incidência de demência). “Entre os 1.243 idosos reavaliados, 99% praticavam algum tipo de atividade social, 95% faziam alguma atividade cotidiana, 63% realizavam atividades cognitivas e 49% atividades físicas”, aponta a pesquisadora.

“Verificou-se que os idosos que realizavam mais atividades tiveram menor declínio no funcionamento cognitivo dois anos após a inclusão deles no estudo. A maior participação em atividades também esteve associada a um menor risco de desenvolver demência neste período”, acrescenta Marcia. Quanto ao tipo específico de atividade desenvolvida, a pesquisa também mostrou que idosos que realizavam mais atividades cognitivas na inclusão do estudo tiveram menor declínio cognitivo no seguimento, o que incluia trabalhos manuais, em madeira e metal, costuras (tricô, crochê), frequentar aulas, utilizar o computador, cantar, tocar música e jogar sozinhos, ler e escrever.

A pesquisadora recomenda que políticas públicas estimulem a participação dos idosos em todas as atividades, particularmente nas cognitivas. “Embora parte da população idosa brasileira não seja alfabetizada e não possa ler e escrever, há outras atividades simples que podem estimular e preservar as funções cognitivas e com isso possivelmente prevenir ou retardar o aparecimento da demência, como os trabalhos manuais”, ressalta. “Os resultados da pesquisa complementam as conclusões de outros estudos com idosos que têm acesso a atividades sofisticadas e que requerem alto poder aquisitivo, pois mostram que não apenas as atividades cognitivas sofisticadas, como ir ao teatro ou ler um romance, podem prevenir ou retardar o aparecimento da demência”.

 

Fonte: Agência USP de Notícias

 

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