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Como é possível tratar esses transtornos alimentares?

De um modo geral, existem mais semelhanças que diferenças entre rapazes e garotas com transtornos alimentares. Isso leva a maioria dos autores a aconselhar que o tratamento instituído seja o mesmo tanto para os indivíduos do sexo masculino quanto para o sexo feminino. Por se tratar de distúrbios de etiologia multifatorial e com sintomas tanto psíquicos quanto físicos, a abordagem deve ser interdisciplinar e em centros especializados, compreendendo no mínimo um psiquiatra, um clínico geral, um nutricionista, um psicoterapeuta e um terapeuta familiar. No caso de rapazes, é bem provável que um educador físico seja também peça fundamental nessa equipe pelo maior envolvimento deles em atividades físicas que em restrição alimentar ou métodos purgativos. A partir daí, a depender da patologia, são instituídos objetivos diferentes de acordo com cada fase (aguda ou manutenção).

De um modo geral, a farmacoterapia não é a primeira escolha para o tratamento dessas patologias, sendo a reabilitação nutricional importante para a recuperação do peso do portador de anorexia nervosa e a psicoterapia a primeira opção para os que sofrem de bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar. Porém, na vigência de comorbidades psiquiátricas (sintomas depressivos, ansiosos, etc.) ou ausência de resposta clínica à abordagem instituída, os psicotrópicos devem ser implementados, como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina). Nos casos de obsessividade acentuada, resistência importante ao tratamento, crítica extremamente prejudicada quanto à doença, antipsicóticos atípicos como a olanzapina podem ser utilizados, com evidências iniciais de eficácia.

No entanto, existem algumas diferenças entre os sexos. Alguns especialistas chamam a atenção para a dificuldade de otimizar a adesão ao tratamento de homens com transtornos alimentares quando os mesmos são incluídos em terapias de grupo com mulheres, seja porque as questões levantadas não lhe são pertinentes (por serem questões do universo feminino), seja pela vergonha de estar se tratando junto com elas de uma doença “de mulher ou de efeminado”. Além disso, o aporte calórico a ser oferecido para o portador de anorexia é maior do que aquele oferecido para a anoréxica.

 

 

Dr. Celso Alves dos Santos Filho é Médico psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Especialista em Transtornos Alimentares pelo PROATA (Programa de Orientação e Assistência a Pacientes com Transtornos Alimentares) - Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Psiquiatra Colaborador do PROATA.

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