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Riscos da automedicação: você sabe quais são eles?

Quem nunca recorreu a uma ida à farmácia para combater uma dor de cabeça ou uma gripe repentina? No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que a automedicação, desde analgésicos simples até mesmo os antibióticos, pode trazer sérios riscos a curto e longo prazo, principalmente quando esses medicamentos não são prescritos por um profissional competente ou quando o diagnóstico adequado não é feito.

Na última semana de abril, o Senado brasileiro aprovou um projeto de lei que autoriza a venda de medicamentos em supermercados, apesar de a medida ainda ter que passar por aprovação da Presidência da República. Para esclarecer se isso pode ser benéfico ou não, convidamos o Dr. Alexandre Amaral, diretor médico do Centro Multidisciplinar da Dor (RJ) e responsável pelo Setor de Neurocirurgia Funcional do Hospital dos Servidores do Estado (RJ).

 

O que leva as pessoas a se automedicarem?

Os motivos da automedicação são vários. Primordialmente a automedicação está relacionada com hábitos ainda muito enraizados, desde os tempos do Brasil Colônia, em que não havia médicos à disposição de toda a população. Dessa forma, pode-se notar que esta situação nada tem a ver com o nível de educação e acesso à saúde. O que as pessoas não sabem é que a automedicação pode ser um grave perigo para cronificação de doenças e, além disso, motivo de adoecimento, pois com a utilização de medicamentos sem receita médica podemos produzir doenças em nosso organismo, muitas delas irreversíveis e que podem levar até à morte do indivíduo. Outro fator que leva as pessoas à automedicação é o acesso fácil a medicamentos que são pretensiosamente simples, como os analgésicos e antipiréticos (como a dipirona, paracetamol e ácido acetilsalicílico), e que podem levar a lesões devastadoras no fígado, rins, estômago e intestinos.

 

Quais são alguns dos medicamentos (princípios ativos) mais consumidos pela população brasileira?

Sem dúvida são, em primeiro lugar, os chamados analgésicos simples, como a dipirona, o paracetamol e o ácido acetilsalicílico. Eles atuam na dor e na redução de sintomas como a febre (muito comum na gripe) e nas infecções respiratórias altas.

 

Sabe-se que existe proibição de venda de antibióticos em farmácia sem a prescrição de receita. Essa medida é adotada apenas com antibióticos? Se sim, por que ela não é feita com outros grupos de medicamentos?

Na realidade existem muitos medicamentos de uso controlado por receita médica, justamente pelo risco que seu uso sem prescrição pode causar. Entretanto houve, recentemente, uma intervenção das autoridades da vigilância sanitária decorrente do uso inadvertido e sem orientação médica por parte deste grupo de medicamentos denominado antibióticos. Isso ocorre porque o uso abusivo desses medicamentos pode gerar novas infecções, cada vez mais graves, em que foram isolados micro-organismos cada vez mais resistentes aos antibióticos, conhecidos como "superbactérias". Dessa forma optou-se por controlar o uso de antibióticos somente com receita médica, em que um profissional qualificado poderá orientar sobre o uso correto para a condição nosológica correta e pelo tempo correto, evitando assim a progressão da seleção evolutiva das bactérias ou micro-organismos patogênicos.

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